domingo, 11 de dezembro de 2011

Sócrates Brasileiro


Sócrates Brasileiro
Chico Alencar - 08/12/2011


Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, bom de bola e bom de cuca, foi figura paradoxal, como costuma acontecer com as pessoas que se destacam para além da vida anônima, corriqueira.
 
O “Doutor” merece admiração, porque sempre foi um questionador, um contestador, um ‘gauche na vida’. Jamais se acomodou ao sistema que o levou à fama e ao dinheiro. Prestígio e poder que nunca lhe orientaram técnica ou taticamente...
 
Menino ainda, pegou “um Ita no norte” mas não “foi pro Rio morar”. Seu “adeus a Belém do Pará” levou-o, com a família, a... Ribeirão Preto.
 
Jogador de futebol refinado, sempre rejeitou a imposição de ser atleta. Médico, nunca cuidou de sua saúde, pouco se importando se isso lhe custaria anos de vida. Dedicado integralmente ao em geral medíocre meio futebolístico, não abriu mão de, ali, estimular pensamento, provocar criatividade, cutucar inteligências. Assim foi no seu Botafogo/SP de origem, no Corinthians da consagração, no Flamengo, no Santos, na Seleção: Sócrates sempre na boa contramão. Inquieto e irridento frente à ditadura, tratou de proclamar a liberdade a partir do seu próprio ambiente de trabalho, articulando a ‘democracia corinthiana’. Politizado, jamais teve paciência para a disciplina que uma vida partidária ou a disputa de mandatos eletivos exige. Tímido, quase introvertido, percorreu mundos, aprendeu idiomas, apaixonou-se e casou-se várias vezes - a exemplo de seu ‘ídolo’ de versos e copo Vinicius de Moraes - deixando prole de 6 filhos. Esguio, pernas longas de chutes e passes agudos, bom de cabeceio, mais alto do que muitos que tentavam contê-lo, sua marca registrada no futebol que praticava era o desconcertante toque de calcanhar.  Empenhado, sempre, em sorver até a última gota o imediato, o aqui e agora, partiu precocemente, aos 57 anos, deixando sinais de eternidade pelas causas democráticas e socialistas que impregnaram sua curta existência: homem amigo da morte por amar demais a vida.
 
Nome longo, vida breve, presença singular na história do esporte mais popular do Brasil e na própria história de nosso país: Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira.
 
*Chico Alencar é professor de história e deputado federal (PSOL/RJ)

Behemoth - "LUCIFER"



(tradução: Lucifer)

Eu sou uma chama escura entre os ventos de Deus,
Voar como um gemido -- como o surdo sino da Meia-Noite--
Estou na escuridão da aurora vermelha acesa nas montanhas,
Faísca da minha dor, minha estrela impotente.

Eu sou o rei dos cometas -- e o espirito dentro de mim, como o pó dentro da pirâmide etérea --
Eu sou o raio da tempestade -- mas mais silencioso que uma tumba
Eu estou escondendo cadaveres e ódio na minha sepultura

Eu -- abismo dos arco-irís -- e sobre eles um choro
Como o vento frio sobre o leito da lagoa que secou -
Eu fulgor dos vulcões - e nas planícies do pântanoeu ando como um funeral, com tédio e luto.

Vejo eles tocarem harpa -- ondas de fogo do céu -- e Sol -- Meu inimigo Sol!
Sobe saudando Deus.

Satanismo LaVey e o pensamento filosófico de Nietzsche


Religião ou filosofia de vida baseada em valores contrários ao cristianismo, o satanismo estimula o individualismo e o egoismo, onde cada ser humano, em sua individualidade, é uma divindade; capaz de alcançar altos níveis de evolução, desde que não esteja preso a nenhum dogma religioso que subtraia seus reais valores primitivos. Portanto, cada indivíduo tem a liberdade espiritual e filosófica de criar e desenvolver seus critérios, sendo ele seu próprio sacerdote, salvador e deus.

Em 30 de abril de 1966, o ocultista Anton LaVey fundou nos EUA, a "Church of Satan" (Igreja de Satã), que é a maior e mais conhecida seita satânica. Conhecida por ter muitos metaleiros e rockeiros entre seus membros(entre eles os músicos Marilyn Manson e King Diamond), defende uma moral hedonista onde estão presentes o uso de drogas e a banalização do sexo.

Anton LaVey é o autor da Bíblia Satânica, livro onde se encontram os fundamentos da Igreja de Satã. Em 1975, o tenente-coronel do Exército dos EUA, Michael Aquino, e alguns membros do sacerdócio da Igreja de Satã, romperam com essa seita e fundaram o Templo de Set, uma seita satânica que afirma defender "o individualismo esclarecido".

Tanto a Igreja de Satã, de Anton LaVey, quanto a sua dissidência, praticam a mágia negra e o ocultismo.

Anton LaVey escreveu a "BÍBLIA SATÂNICA", em 1969. Nesse livro, ele afirma que Satã é uma força da natureza, representando a liberdade e não o mal. Nesse livro, LaVey estabelece os dogmas de sua seita satânica, como: “Morte ao fraco, saúde ao forte!”.

Em seu livro, LaVey diz que o crucifixo representa incompetência, e insulta Jesus e os cristãos, dizendo: “Eu mergulhei o meu dedo indicador no sangue úmido do seu impotente e louco redentor, e escrevi na borda da sua coroa de espinhos: O verdadeiro príncipe do mal - o rei dos escravos!”

Pois bem, eu vejo muita semelhança entre a doutrina de LaVey e o pensamento filosófico de Friedrich Nietzsche.

O filósofo Friedrich Nietzsche era ateu e seu pensamento também exaltava os mais fortes. Opositor do socialismo e de todas as doutrinas igualitaristas. Nietzsche condena "a moral que impele à revolta dos indivíduos inferiores, das classes subalternas e escravas contra a classe superior e aristocrática que, por um lado, pelo influxo dessa mesma moral, sofre de má consciência e cria a ilusão de que mandar é por si mesmo uma forma de obediência".


Para ele, o homem é um filho do "húmus" e é, portanto, corpo e vontade não somente de sobreviver, mas de vencer. Suas verdadeiras "virtudes" são: o orgulho, a alegria, a saúde, o amor sexual, a inimizade, a veneração, os bons hábitos, a vontade inabalável, a disciplina da intelectualidade superior, a vontade de poder. Mas essas virtudes são privilégios de poucos, e é para esses poucos que a vida é feita.

"A humanidade aprendeu a chamar a piedade de virtude, quando em todo o sistema moral superior ela é considerada como uma fraqueza." (Nietzsche)

Nietzsche era opositor radical da fé e moral cristã. Ele considera o cristianismo e o budismo como "as duas religiões da decadência", embora ele afirme haver uma grande diferença nessas duas concepções. O budismo para Nietzsche "é cem vezes mais realista que o cristianismo".

"A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada." (Nietzsche)

"O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade, por ter desprezado o Corpo." (Nietzsche)

Satanismo




O satanismo é uma "religião" ou "filosofia de vida", baseada na oposição aos valores cristãos. Não confunda satanismo com os doentes que tentam culpar o satanismo por seus crimes sociopatas, pois apesar da ocorrencia de crimes associados a adoradores de Satã, principalmente morte violenta de animais ou crimes de origem sexuai(estupro e pedofilia), nem todas as seitas satânicas promovem qualquer tipo de crime, inclusive afirmam que Satanás não representa o mal: “Satanás não é o mal. É a consciência de si mesmo.” (Marco Dimitri, lider da seita italiana 'Meninos de Satanás')

Não podemos esquecer que cristãos também cometem crimes, basta lembrar dos padres e pastores pedófilos, igrejas que enganam os fieis para usurpar os dízimos, etc. Portanto não podemos generalizar.

Não sou satanista, pois todas essas seitas promovem o individualismo exarcebado, o egoismo, e uma moral hedonista onde a busca do prazer acima de qualquer coisa, incluindo uso de drogas e banalização do sexo, estão presentes. Mas respeito o direito daqueles que defendem esse tipo de "filosofia de vida", desde que não promovam nenhum tipo de crime ou vandalismo.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O valor da filosofia


"A filosofia, como todos os outros estudos, visa primariamente o conhecimento. O conhecimento que visa é o tipo de conhecimento que dá unidade e sistema ao corpo das ciências, e o tipo que resulta de um exame crítico dos fundamentos das nossas convicções, preconceitos e crenças. (...)

         
O homem sem rudimentos de filosofia passa pela vida preso a preconceitos derivados do senso comum, a crenças costumeiras da sua época ou da sua nação, e a convicções que cresceram na sua mente sem a cooperação ou o consentimento da sua razão deliberativa. Para tal homem o mundo tende a tornar-se definitivo, finito, óbvio; os objectos comuns não levantam questões, e as possibilidades incomuns são rejeitadas com desdém. Pelo contrário, mal começamos a filosofar, descobrimos que mesmo as coisas mais quotidianas levam a problemas aos quais só se podem dar respostas muito incompletas. A filosofia, apesar de não poder dizer-nos com certeza qual é a resposta verdadeira às dúvidas que levanta, é capaz de sugerir muitas possibilidades que alargam os nossos pensamentos e os libertam da tirania do costume. Assim, apesar de diminuir a nossa sensação de certeza quanto ao que as coisas são, aumenta em muito o nosso conhecimento quanto ao que podem ser; remove o dogmatismo algo arrogante de quem nunca viajou pela região da dúvida libertadora, e mantém vivo o nosso sentido de admiração ao mostrar coisas comuns a uma luz incomum." (Bertrand Russell; em “O Valor da Filosofia”)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

SAIBA O QUE É O CAPITALISMO



O capitalismo nada tinha de democrático, foi graças a luta do movimento operário a partir da segunda metade do século XIX, organizado por comunistas e anarquistas, que o capitalismo se democratizou ocasionando a chamada "socialização da política", que garantiu a participação popular e a conquista de direitos trabalhistas. Isso já demonstra a importância do socialismo para o progresso da humanidade.

A fracassada experiência socialista na URSS e no Leste Europeu, teve a importância histórica de representar uma alternativa de sociedade pós-capitalista, onde se buscava acabar com a exploração do homem pelo homem. Apesar dos crimes promovidos durante a era stalinista, o socialismo foi capaz de transformar um país agrário semi-feudal, como era a Rússia dos czares, em uma superpotência industrial e militar que ameaçou a hegemonia mundial dos EUA, inclusive promovendo o início da exploração espacial ao lançar o primeiro satélite(Sputnik), em 1957, e colocar o primeiro homem no espaço(Yuri Gagarin), em 1961. E a China tornou-se a potência que é hoje, graças a vitória da revolução socialista em 1949.

No tempo atual

Os trabalhadores não sofrem mais a exclusão política dos tempos de Marx, pois o voto é universal e os trabalhadores possuem partidos e sindicatos que defendem sua causa. Os trabalhadores também conquistaram direitos, como jornada de trabalho diária de oito horas, férias remuneradas de trinta dias, condições humanas de trabalho e melhores salários, que permitiram a "democratização do capitalismo", com o proletariado deixando de ser os semi-escravos dos tempos em que foi escrito o Manifesto Comunista. Mas não podemos nos iludir, a exploração capitalista continua existindo, inclusive com proporções desumanas em muitas regiões do planeta, como ocorre na África e grande parte da Ásia, por exemplo.

O capitalismo não é capaz de resolver os problemas que ele mesmo vem gerando, com sua lógica de lucro exarcebado, acumulação do capital e culto ao "deus" mercado.


"... podemos citar alguns dados com suas respectivas fontes recentemente sistematizados pelo Programa Internacional de Estudos Comparativos sobre a Pobreza localizado na Universidade de Bergen, Noruega, que fez um grande esforço para, desde uma perspectiva crítica, combater o discurso oficial sobre a pobreza elaborado desde mais de trinta anos pelo Banco Mundial e reproduzido incansavelmente pelos meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e "especialistas" variados.

População mundial: 6,8 bilhões de habitantes em 2009.

1,02 bilhão de pessoas são desnutridos crônicos (FAO,2009);

2 bilhões de pessoas não tem acesso a medicamentos (
www.fic.nih.gov);

884 milhões de pessoas não têm acesso à água potável (OMS/UNICEF 2008);

925 milhões de pessoas são "sem teto" ou residem em moradias precárias (ONU Habitat 2003);

1,6 bilhões de pessoas não tem acesso à energia elétrica (ONU Habitat, Urban Energy);

2,5 bilhões de pessoas não são beneficiados por sistemas de saneamento, drenagens ou privadas domiciliares (OMS/UNICEF 2008);

774 milhões de adultos são analfabetos (
www.uis.unesco.org );

18 milhões de mortes por ano devido pobreza, a maioria de crianças menores do que cinco anos de idade (OMS);

218 milhões de crianças entre 5 e 17 anos de idade, trabalham em condições de escravidão com tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados da ativa atuando em guerras e/ou conflitos civis, na prostituição infantil, como serventes, em trabalhos insalubres na agricultura, na construção civil ou industria têxtil (OIT: "La eliminación Del trabajo infantil, un objetivo a nuestro alcance" - 2006);

Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação no produto interno bruto mundial (PIB mundial) de 1,16% para 0,92%; enquanto os opulentos 10% mais ricos acrescentaram fortunas em seus bens pessoais passando a dispor de 64% para 71,1% da riqueza mundial. O enriquecimento de uns poucos tem como seu reverso o empobrecimento de muitos;

Somente esses 6,4% de aumento da riqueza dos mais ricos seriam suficientes para duplicar a renda de 70% da população mundial, salvando muitas vidas e reduzindo os sofrimentos dos mais pobres. Entendam bem: tal coisa somente seria obtida se houvesse possibilidade de redistribuir o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002 dos 10% mais ricos da população mundial, deixando ainda intactas suas exorbitantes fortunas. Mas nem isso passa a ser aceitável pelas classes dominantes do capitalismo mundial.

CONCLUSÃO

Não se pode combater a pobreza (nem erradicá-la) adotando-se medidas capitalistas. Isso porque o sistema obedece a uma lógica implacável centrada na obtenção do lucro, o que concentra a riqueza e aumenta incessantemente a pobreza e as desigualdades sócio-econômicas a nível mundial.

Depois de cinco séculos de existência é isto e somente isto que o capitalismo tem para oferecer ao mundo! Que esperamos então para mudar o sistema? Se a humanidade tem futuro, esse será claramente socialista! Com o capitalismo, não haverá futuro para ninguém! Nem para os ricos, nem para os pobres! A sentença de Friedrich Engels e também de Rosa Luxemburg: "socialismo ou barbárie" é hoje mais atual do que nunca. Nenhuma sociedade sobrevive quando seu impulso vital reside na busca incessante do lucro e seu motor é a ganância, a usura. Mas cedo ou mais tarde provocará a desintegração da vida social, a destruição do meio ambiente, a decadência política e a crise moral. Todavia estamos ainda em tempo para reverter esse quadro - então vamos à luta!"

(Atilio Borón; em "Saiba o que é o capitalismo")


O socialismo autoritário e burocratico felizmente está morto. Cabe a esquerda abandonar essa herança e resgatar o melhor do pensamento marxista, refundando o socialismo segundo a realidade da luta de classes no século XXI. Precisa ser um socialismo radicalmente democrático, livre de tentações dogmaticas e comprometido com a luta em defesa do meio ambiente e do desenvolvimento autossustentável.

O socialismo renovado é o caminho para trilharmos outro caminho que não seja o da barbárie.

sábado, 30 de julho de 2011

Marxismo-leninismo


O socialismo científico é uma doutrina política que se situa a esquerda do espectro político, fundamentando-se no pensamento filosófico de Karl Marx e de Friedrich Engels, e na sua interpretação realizada por Vladimir Lênin e demais revolucionários bolcheviques, que fizeram na Rússia, a primeira revolução socialista da história.

Segundo o pensamento marxista, a luta de classes é o motor que move a história, ou seja, a luta das classes dominadas contra as classes dominantes resulta em uma revolução social, promovendo a mudança dos meios de produção e assim gerando uma nova sociedade. Na atual sociedade capitalista, a luta de classes do proletariado contra a burguesia resultará em uma revolução socialista, destruindo o capitalismo e construindo uma nova sociedade, onde o proletariado se tornará a classe dominante, socializando os meios de produção e assim abrindo caminho para a construção de uma sociedade sem classes, onde o Estado se tornará desnecessario. Dessa forma chegaria ao fim a exploração do homem pelo homem. Essa nova sociedade surgida após a revolução, será o socialismo, fase intermediária que resultará na sociedade sem classes, ou seja, a sociedade comunista.

O revolucionário marxista Vladimir Lênin defendia a realização da revolução socialista em países capitalistas atrasados, como era o caso da Rússia semi-feudal dos czares, desenvolvendo o conceito do partido revolucionário como vanguarda do proletariado, e fundando o bolchevismo. O pensamento marxista clássico afirmava que a revolução socialista ocorreria primeiro em sociedades capitalistas desenvolvidas, como a Alemanha ou França, mas Lênin afirmava que em sua fase imperialista, o capitalismo sofreria revoluções iniciadas nos elos fracos de sua correia, que depois iriam se expandir para as sociedades desenvolvidas. Ou seja, a revolução na Rússia seria o estopim de uma revolução socialista mundial, que acabaria atingindo a Alemanha e o resto da Europa.

Em 25 de outubro de 1917(segundo o calendário juliano, pois segundo o calendário gregoriano foi em 7 de novembro), ocorreu na Rússia, a primeira revolução socialista da história. Os revolucionários bolcheviques derrubaram o governo provisório e o poder passou para as mãos do Congresso de Sovietes de Toda Rússia, que formou o Conselho de Comissários do Povo, presidido por Vladimir Lênin.

O governo soviético promoveu a transformação radical da sociedade russa, desapropriando a burguesia. O novo regime socialista estatizou as fábricas e bancos, promoveu uma reforma agrária radical e tirou a Rússia da Primeira Guerra Mundial.

"A Revolução Russa eliminou todas as leis czaristas que reprimiam a homossexualidade e que eram 'contraditórias com a consciência e a legalidade revolucionária'. Em 1923, um renomado médico de Moscou aprovava um novo código legal dizendo: 'A legislação soviética se baseia no seguinte principio: declara uma total ausência de interferência do estado e da sociedade nos assuntos sexuais, sempre e quando não sejam afetados os interesses de nenhuma outra pessoa'”. (Andrea D`Atri; em "O socialismo e a questão homossexual")

Entretanto o socialismo soviético acabou sofrendo uma grave degeneração, após Josef Stalin assumir o poder absoluto no final dos anos 20, estabelecendo uma ditadura totalitaria responsável pela morte de cerca de 20 milhões de soviéticos. Esse regime arbitrário e burocrático, longe de acabar com a exploração do homem pelo homem, resultou no surgimento de uma casta privilegiada de burocratas que agia como uma nova classe dominante, oprimindo o proletariado e o campesinato. Inclusive revogou as leis que davam direitos iguais aos homossexuais, que passaram a ser tratados como "contra-revolucionários". Isso acabou resultando no colapso do regime socialista no final dos anos 80.


"Um olhar retrospectivo sobre o século passado não pode se omitir sobre o trágico legado do stalinismo. A esquerda em especial não tem o direito de ignorá-lo. Tal herança pesa como um fardo sobre ela, mesmo já havendo uma alentada produção teórica de condenação dos anos em que Stalin esteve à frente da URSS, principalmente após o final dos anos 20 e até sua morte, em 1953. (...)

Para a esquerda, é necessário resistir à tentação de refugiar-se num tempo de ouro, na nostalgia de um tempo feliz, que não existiu, ao contrário. O stalinismo foi um tempo de terror, de esmagamento dos adversários pela violência, marcado pela ausência da política, ao menos se esta for entendida como o reino da liberdade, e não da força bruta.

O stalinismo foi a maior tragédia do povo russo e de todo o povo do Leste Europeu, afora as guerras. Não podemos mais ter receio de afirmar isso. Havia um temor de que isso parecesse diminuir o mérito da resistência do povo soviético ao nazismo. Não diminui. Os vestígios de stalinismo, indícios que sejam, são nefastos, atentados a qualquer idéia de vida democrática."

(Emiliano José; O stalinismo e sua trágica herança)


Apesar de fracassada, a experiência socialista na URSS e no Leste Europeu teve a importância histórica de representar uma alternativa de sociedade pós-capitalista, onde ocorreu a desapropriação da burguesia, buscando acabar com a exploração do homem pelo homem. Mesmo com todos os crimes promovidos pelo stalinismo, essa primeira experiência socialista conseguiu transformar a Rússia semi-feudal dos czares em uma superpotência nuclear, que ameaçou a hegemonia mundial dos EUA, inclusive dando inicio ao programa espacial da humanidade, lançando o primeiro satélite artificial, o Sputnik, em 1957, e colocando o primeiro homem no espaço, o major Yuri Gagarin, em abril de 1961.

A esquerda socialista precisa ser anti-stalinista, precisa deixar claro que ditaduras totalitarias de partido único, culto a personalidade e outras barbaridades que caracterizaram o socialismo oriundo da tradição stalinista, não tem nenhuma relação com o marxismo. Aquele socialismo que existia na antiga URSS, não é em hipótese alguma o socialismo que os marxistas autênticos querem construir. Inclusive em dezembro de 1922, ou seja, três meses antes de sofrer o terceiro derrame que o deixou inconsciente até sua morte, ocorrida em janeiro de 1924, o revolucionário Vladimir Lenin escreveu uma carta onde criticava Stalin, solicitando a sua demissão do cargo de secretário geral do Partido Comunista da Rússia(bolchevique), recomendando alguém que fosse mais leal e tolerante para o cargo. Lênin pretendia apresentar essa carta no congresso do partido, mas não pode faze-lo por causa do derrame.


"Me refiro à estabilidade como garantia contra a ruptura em um futuro próximo, e tenho a proposta de colocar aqui várias considerações de índole puramente pessoal. Creio que o fundamental no problema da estabilidade, desde este ponto de vista, são tais membros do CC como Stálin e Trotsky. As relações entre eles, a meu modo de ver, encerram mais da metade do perigo desta divisão que se poderia evitar, e a cujo objetivo deveria servir entre outras coisas, segundo meu critério, a ampliação do CC a 50 ou até 100 membros.

O camarada Stálin, tendo chegado ao Secretariado Geral, tem concentrado em suas mãos um poder enorme, e não estou seguro que sempre irá utilizá-lo com suficiente prudência. Por outro lado, o camarada Trotsky, segundo demonstra sua luta contra o CC em razão do problema do Comissariado do Povo de Vias de Comunicação, não se distingue apenas por sua grande capacidade. Pessoalmente, embora seja o homem mais capaz do atual CC, está demasiado ensoberbecido e atraído pelo aspecto puramente administrativo dos assuntos(1). Estas características de dois destacados dirigentes do atual CC podem levar sem querer-lo à ruptura, e se nosso Partido não toma medidas para impedir-lo, a divisão pode vir sem que se espere.

Não seguirei caracterizando aos demais membros do CC por suas características pessoais. Recordarei apenas que o episódio de Zinoviev e Kamenev em Outubro(2) não é, naturalmente, uma casualidade, e que se disto não se pode culpar pessoalmente, tão pouco a Trotsky pelo seu não bolchevismo.(3)(...)

Stálin é brusco demais, e este defeito, plenamente tolerável em nosso meio e entre nós, os comunistas, se coloca intolerável no cargo de Secretário Geral. Por isso proponho aos camaradas que pensem a forma de passar Stálin a outro posto e nomear a este cargo outro homem que se diferencie do camarada Stálin em todos os demais aspectos apenas por uma vantagem a saber: que seja mais tolerante, mais leal, mais correto e mais atento com os camaradas, menos caprichoso, etc. Esta circunstância pode parecer fútil tolice. Porém eu creio que, desde o ponto de vista de prevenir a divisão e desde o ponto de vista do que escrevi anteriormente sobre as relações entre Stálin e Trotsky, não é uma tolice, ou se trata de uma tolice que pode adquirir importância decisiva."

(Trecho da Carta de Lênin ao XIII Congresso do Partido Comunista da Rússia(bolchevique))



(1) Lenin, no seu Testamento Político, fala de Trotsky como "o homem mais capaz do presente Comitê Central", mas deplora suas tendências autoritárias (nas palavras de Lenin, "sua tendência a abordar as questões apenas pelo lado administrativo").

(2) Zinoviev e Kamenev colocaram-se contra a tentativa de insurreição que resultaria na Revolução de Outubro de 1917 nas instâncias do Partido Bolchevique.

(3) Até 1917 Trotsky não ingressara nas fileiras do Partido Bolchevique, e conservava profundas divergências com os mesmos.


Autor: Marcelo Neuschwang Sancho; professor de filosofia da rede pública estadual do Rio de Janeiro, apaixonado por história e ciência política.

DARK TRANQUILLITY - Iridium



"As pessoas estão doidas, por razões erradas. Religião, é claro, é uma delas, é a coisa mais estúpida, é a razão de lutarmos o tempo todo." (Mikael Stanne, vocalista do Dark Tranquility)

Os suecos do Dark Tranquillity são uma das melhores bandas de melodic death metal. Em entrevista ao site Deadtide.com, o vocalista Mikael Stanne respondeu a uma pergunta sobre qual a diferença entre filosofia e religião.

" Bem, a filosofia é sua. É controlada por você mesmo. Mas a religião é controlada por outra pessoa, é a idéia dela, que nós, por alguma razão, acreditamos. Esse tipo de pensamento em grupo é tão perigoso quanto o inferno. A filosofia é sua, é algo que você desenvolve, algo em que você acredita. Isso te ajuda. É um sistema de segurança, e você precisa acreditar em alguma coisa."

A Revolução Russa de 1917



No começo do século XX, a Rússia era um país atrasado, onde o povo vivia na extrema pobreza e sem participação alguma nas decisões políticas. O czar ou imperador era o senhor absoluto do poder, e a economia agrícola fazia o país viver em uma realidade semi-feudal. A Primeira Guerra Mundial acabou complicando ainda mais a situação, com o atrasado Exército Imperial Russo sofrendo inúmeras derrotas para os alemães e seus aliados austro-húngaros. Então em fevereiro de 1917(segundo o calendário juliano, pois segundo o calendário gregoriano foi em março), uma revolta popular eclodiu em Petrogrado, que era a capital do país, recebendo a adesão dos soldados e cabos do exército. Formou-se então o Soviete de soldados e trabalhadores de Petrogrado, que assumiu o controle da capital. Outros sovietes foram surgindo pela Rússia, o que acabou obrigando o Czar Nicolau II a abdicar o trono. A Duma(o parlamento) formou um governo provisório, que garantiu a conquista da democracia, libertando os presos políticos e permitindo o retorno dos exilados, ao mesmo tempo que não promoveu nenhuma política social que combatesse a miséria da maior parte da população. E manteve a Rússia na guerra.

Então em 25 de outubro de 1917(segundo o calendário juliano, pois segundo o calendário gregoriano foi em 7 de novembro), ocorreu na Rússia, a primeira revolução socialista da história. Após retornar do exílio, o revolucionário marxista Vladimir Lênin ordenou a seus camaradas do Partido Bolchevique, que fizessem oposição ao governo provisório e preparassem a revolução, com a palavra de ordem "todo poder aos sovietes", mobilizando os trabalhadores com a promessa de "pão, paz e terra". Após uma tentativa fracassada de golpe por parte de setores de extrema-direita do Exército Imperial Russo, comandados pelo general Kornilov, ocorrida em agosto de 1917, os bolcheviques conquistaram a hegemonia nos sovietes(conselhos operários), e assim realizaram a revolução socialista.

Em 25 de outubro de 1917, os revolucionários bolcheviques assumiram o controle da capital, Petrogrado, e enfrentando pouca resistência, ocuparam o Palácio de Inverno, que era a sede do governo provisório. Os revolucionários bolcheviques derrubaram esse governo provisório, que havia sido estabelecido oito meses antes, e proclamaram a primeira república socialista da história. O parlamento burguês(Duma) foi dissolvido, e o poder passou para as mãos dos sovietes(conselhos operários), que eram controlados pelos bolcheviques. Foi então formado o Conselho de Comissários do Povo, presidido por Vladimir Lênin, que assumiu o governo do país e promoveu a transformação radical da sociedade russa, desapropriando a burguesia. O governo bolchevique estatizou as fábricas e bancos, promoveu uma reforma agrária radical e tirou a Rússia da Primeira Guerra Mundial.

Entre 1918 e 1921, ocorreu uma sangrenta guerra civil entre as forças revolucionárias(Exército Vermelho), leais ao governo bolchevique, e as forças contra-revolucionárias que pretendiam restabelecer a monarquia czarista(Exército Branco), e que tinham o apoio das grandes potências capitalistas. O Exército Vermelho venceu a guerra e os bolcheviques construiram em dezembro de 1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas(URSS).

A desigualdade social praticamente chegou ao fim, com homens e mulheres passando a ter os mesmos direitos e deveres, inclusive os homossexuais, acabando com a discriminação sexual.


"A Revolução Russa eliminou todas as leis czaristas que reprimiam a homossexualidade e que eram 'contraditórias com a consciência e a legalidade revolucionária'. Em 1923, um renomado médico de Moscou aprovava um novo código legal dizendo: 'A legislação soviética se baseia no seguinte principio: declara uma total ausência de interferência do estado e da sociedade nos assuntos sexuais, sempre e quando não sejam afetados os interesses de nenhuma outra pessoa'”. (Andrea D`Atri; em "O socialismo e a questão homossexual")

A URSS passou a apoiar o movimento revolucionário na China, que unia comunistas e nacionalistas do Kuomitang, na luta contra os chamados "senhores da guerra", que mantinham a nação chinesa no mais absoluto atraso e entregue ao banditismo.

Entretanto o socialismo soviético acabou sofrendo uma grave degeneração, após Josef Stalin assumir o poder absoluto no final dos anos 20, estabelecendo uma ditadura totalitaria responsável pela morte de cerca de 20 milhões de soviéticos. Esse regime arbitrário e burocrático, longe de acabar com a exploração do homem pelo homem, resultou no surgimento de uma casta privilegiada de burocratas que agia como uma nova classe dominante, oprimindo o proletariado e o campesinato. Inclusive revogou as leis que davam direitos iguais aos homossexuais, que passaram a ser tratados como "contra-revolucionários". Isso acabou resultando no colapso do regime socialista no final dos anos 80.


"Um olhar retrospectivo sobre o século passado não pode se omitir sobre o trágico legado do stalinismo. A esquerda em especial não tem o direito de ignorá-lo. Tal herança pesa como um fardo sobre ela, mesmo já havendo uma alentada produção teórica de condenação dos anos em que Stalin esteve à frente da URSS, principalmente após o final dos anos 20 e até sua morte, em 1953. (...)

Para a esquerda, é necessário resistir à tentação de refugiar-se num tempo de ouro, na nostalgia de um tempo feliz, que não existiu, ao contrário. O stalinismo foi um tempo de terror, de esmagamento dos adversários pela violência, marcado pela ausência da política, ao menos se esta for entendida como o reino da liberdade, e não da força bruta.

O stalinismo foi a maior tragédia do povo russo e de todo o povo do Leste Europeu, afora as guerras. Não podemos mais ter receio de afirmar isso. Havia um temor de que isso parecesse diminuir o mérito da resistência do povo soviético ao nazismo. Não diminui. Os vestígios de stalinismo, indícios que sejam, são nefastos, atentados a qualquer idéia de vida democrática."

(Emiliano José; O stalinismo e sua trágica herança)


O stalinismo foi a mais grave degeneração que o marxismo sofreu, transformando a União Soviética ou URSS, em uma ditadura totalitaria e burocratica responsável pela morte de cerca de 20 milhões de soviéticos. Também foi responsável pela morte de milhares de pessoas, nos países do Leste Europeu onde o Exército Vermelho estabeleceu regimes socialistas após a Segunda Guerra Mundial. A filosofia marxista em momento algum defende regimes totalitarios, ditadura de partido único e muito menos culto a personalidade do lider, que eram caracteristicas do regime stalinista.

Josef Stalin era um revolucionário bolchevique e tornou-se secretário-geral do Partido Comunista da Rússia em 3 de fevereiro de 1922. Quando o lider do partido e do Estado soviético, o revolucionário Vladimir Lenin, sofreu o terceiro enfarte que o deixou inconsciente, em março de 1923, foi formado um triunvirato composto por Stalin, Grigory Zinoviev, e Lev Kamenev, que assumiu a direção do governo soviético. Após a morte de Lenin, ocorrida em 21 de janeiro de 1924, começou uma batalha feroz na burocracia do partido para ver quem iria sucede-lo. Stalin saiu na frente por comandar a burocracia partidária, e após derrotar Trotsky e afastar outros adversários dos principais postos de direção, assumiu o poder absoluto em 1928.

Leon Trotsky foi o revolucionário bolchevique que organizou o Exército Vermelho, e era considerado o principal adversário de Stalin na sucessão da liderança do Estado soviético. Opositor do stalinismo, Trotsky acabou sendo expulso da URSS, em 1929, e no exílio organizou um movimento comunista dissidente, a IV Internacional. Acabou sendo assassinado por um agente stalinista em 1940, no México, onde estava exilado.

O stalinismo tornou-se uma antítese do marxismo, pois ao invés de acabar com a exploração do homem pelo homem, originou uma casta privilegiada de burocratas que agia como uma nova classe dominante, além de estabelecer um regime ditadorial responsável por alguns dos piores crimes contra a humanidade no século XX. Isso acabou resultando no fracasso dessa primeira experiência socialista.

O autoritarismo de Trotsky

Apesar de ter sido o mais feroz opositor do stalinismo, Leon Trotsky na verdade defendia as mesmas políticas totalitarias que Stalin imprementou a partir de 1929. Trotsky foi o primeiro a defender políticas extremamente autoritárias entre os bolcheviques, como por exemplo, a estatização dos sindicatos e a militarização do trabalho, sendo criticado pelo revolucionário Vladimir Lenin.


"Trotsky foi o principal defensor da fusão dos sindicatos ao Estado e, inclusive, a sua militarização. Ele aplicou seus métodos "revolucionários" quando foi responsabilizado pela reorganização dos serviços de transporte. Assumindo o controle absoluto do Comitê Central de Transporte, decretou imediatamente "estado de emergência" nas ferrovias, destituiu os dirigentes eleitos dos sindicatos e colocou todos os operários sob lei marcial.

Em 16 de dezembro de 1919, Trotsky apresentou no Comitê Central do Partido Bolchevique a sua tese "Sobre a transição entre a guerra e a paz", na qual reafirmou a necessidade de militarização dos sindicatos russos. Ele defendeu novamente as suas posições no IX congresso do PCRb. Na ocasião afirmou ele: "As massas trabalhadoras não podem vaguear através da Rússia. Devem ser enviadas para aqui e para ali, nomeadas, comandadas exatamente como soldados (...) O trabalho obrigatório deve atingir a sua maior intensidade durante a transição do capitalismo para o socialismo (...) É preciso formar patrulhas punitivas e pôr em campos de concentração os que desertam do trabalho". E concluiu: "O Estado Operário possui normalmente o direito de forçar qualquer cidadão a fazer qualquer trabalho em qualquer local que o Estado escolha."

Contra as posições autoritárias de Trotsky, Lênin escreveu os artigos "Sobre os Sindicatos, o momento atual e os erros de Trotsky" e "Mais uma vez sobre os sindicatos, o momento atual e os erros dos camaradas Trotsky e Bukharin". Afirmou ele: "os sindicatos são uma organização da classe dirigente, dominante e governante. Mas não são uma organização estatal, não são uma organização coercitiva, são uma organização educadora, uma organização que atrai e instrui, são uma escola, escola de governo, escola de administração, escola de comunismo". Portanto, não poderiam ser transformados em quartel ou prisão.

Lênin negou a tese trotskista de que a defesa dos interesses materiais e espirituais da classe operária não deveria ser de incumbência dos sindicatos em um Estado operário. Para ele isto era um grave erro. Afirmou Lênin: "O camarada Trotsky fala de 'Estado operário'. Permitam-me dizer que isto é pura abstração (...) comete-se um erro evidente quando se diz: Para que e ante quem defender a classe operária, se não há burguesia e o Estado é operário? Não se trata de um Estado completamente operário, aí está o xis do problema (...) Em nosso país, o Estado não é, na realidade, operário, e sim operário e camponês (...) Porém há mais alguma coisa (...) nosso Estado é operário com uma deformação burocrática (...) Pois bem, será que diante desse tipo de Estado (...) nada têm os sindicatos a defender? Pode-se dispensá-lo na defesa dos interesses materiais e espirituais do proletariado organizado em sua totalidade? Essa seria uma opinião completamente errada do ponto de vista teórico (...) Nosso Estado de hoje é tal que o proletariado organizado em sua totalidade deve defender-se, e nós devemos utilizar estas organizações operárias para defender os operários em face de seu Estado e para que os operários defendam nosso Estado"".

(Augusto César Buonicore; em "Lenin, os sindicatos e o socialismo")


Por isso afirmo que o trotskismo não é alternativa para o stalinismo, mas sim o outro lado da mesma moeda. Os marxistas que defendem a luta do proletariado para derrubar o capitalismo e construir uma nova sociedade, onde não mais exista a exploração do homem pelo homem, devem romper com o stalinismo e também com o trotskismo, buscando resgatar o melhor do pensamento marxista, renovando-o segundo a realidade da luta de classes no século XXI.

Apesar de fracassada, a experiência socialista na URSS e no Leste Europeu teve a importância histórica de representar uma alternativa de sociedade pós-capitalista, onde ocorreu a desapropriação da burguesia, buscando acabar com a exploração do homem pelo homem. Mesmo com todos os crimes promovidos pelo stalinismo, essa primeira experiência socialista conseguiu transformar a Rússia semi-feudal dos czares em uma superpotência nuclear, que ameaçou a hegemonia mundial dos EUA, inclusive dando inicio ao programa espacial da humanidade, lançando o primeiro satélite artificial, o Sputnik, em 1957, e colocando o primeiro homem no espaço, o major Yuri Gagarin, em abril de 1961.

A importânci​a do socialismo no surgimento da democracia moderna




Quando o capitalismo surgiu no século XVIII, não era nem um pouco democrático. O voto era censitário, ou seja, apenas quem pagava impostos e possuia propriedades é que podia votar. E apenas os homens podiam votar. Estavam excluidos portanto, os trabalhadores e as mulheres. Os trabalhadores viviam em estado de semi-escravidão, com jornada de trabalho de até 16 horas diárias, com baixos salários que mal garantiam o mínimo para sobreviver, e pessimas condições de trabalho. Não havia férias, aposentadoria, ou qualquer direito trabalhista. O trabalho infantil era comum e a questão social considerada caso de policia. Havia portanto uma verdadeira "ditadura da burguesia".
 
Foi diante essa realidade que os filósofos e revolucionários alemães Karl Marx e Friedrich Engels escreveram o "Manifesto do Partido Comunista", em dezembro de 1847, e publicado dois meses depois. Se o capitalismo se democratizou a partir da segunda metade do século XIX, com os trabalhadores conquistando o direito de greve e a legalização dos sindicatos, assim como a redução da jornada de trabalho para 10 horas diárias, com melhores condições de trabalho e salário, e com a conquista de direitos trabalhistas como férias remuneradas, aposentadoria e salário mínimo, assim como o estabelecimento do voto universal para todos os homens adultos alfabetizados, e a legalização dos partidos operários, com toda certeza foi graças a luta do movimento socialista organizado pelos comunistas e também pelos anarquistas.

O 1º DE MAIO - DIA DOS TRABALHADORES

No dia 1º de Maio de 1886, os operários da cidade de Chicago - importante centro industrial dos Estados Unidos - se levantaram contra as péssimas condições de trabalho, exigindo a redução da jornada de trabalho. Naquela época a jornada de trabalho variava entre 13 e 16 horas.

Neste período a cidade estava imersa em grandes lutas, barricadas e greves. No dia três de maio daquele ano, em enfrentamento com a polícia, 6 trabalhadores foram mortos, o que resultou num protesto furioso no dia seguinte. Na confusão morreram policiais, bombas foram lançadas, sendo decretado Estado de Sítio. As lideranças do movimento foram perseguidas, presas e condenadas à morte. Eram cinco lutadores que foram mortos. Seus nomes eram: Spies, Engel, Fischer, Lingg e Parsons. Como escreveu o escritor uruguaio Eduardo Galeano são os mártires que renascem a cada 1º de Maio no mundo.

A LUTA SOCIALISTA NO SÉCULO XX
 
E a luta do movimento socialista ao longo do século XX, permitiu uma maior democratização do capitalismo, com a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias, a conquista do voto feminino, a criminalização do trabalho infantil e uma efetiva participação popular na política. Se hoje vivemos em uma sociedade democrática, foi graças a luta de comunistas e anarquistas contra a exploração capitalista. Esses fatos já demonstram a importância do socialismo para a humanidade.

A verdade sobre o liberalismo

O filósofo inglês John Locke pode ser considerado como o marco da democracia liberal. Entretanto o conceito de democracia defendido por Locke e pelos primeiros pensadores liberais, excluia grande parte da população, uma vez que defendiam o voto censitário, ou seja, apenas quem tinha propriedade e pagava impostos podia votar. Estavam excluidos os trabalhadores, os desempregados e as mulheres.

"O liberalismo surge como uma clara posição de limitação do poder do Estado. Em seu início, tinha como inimigo o Estado absolutista. Locke diz que nascemos com direitos naturais, à vida, à liberdade e à propriedade, sobretudo à propriedade, e esses direitos são inalienáveis, o Estado não pode interferir neles. (...)
 
Os regimes liberais originários fundavam-se nessa idéia da liberdade do indivíduo em relação ao Estado e muito pouco na idéia da participação que era restritíssima. Com base no princípio do voto censitário, só votava quem pagava imposto e tinha propriedade. Excluía-se do eleitorado a maioria esmagadora. Kant, um brilhante pensador liberal, dizia que não podiam votar as mulheres, porque não tinham independência de juízo, dependiam do marido ou do pai. E nem os trabalhadores assalariados, porque dependiam do patrão."
 
(Carlos Nelson Coutinho; em Teoria e Debate nº 51)
 

Os trabalhadores e as mulheres precisaram se organizar para lutar por seus direitos, sobre a inflûencia do pensamento socialista. Legalização dos sindicatos e do direito de greve, voto secreto e universal, legalização dos partidos operários e populares, jornada de trabalho de oito horas diárias, férias remuneradas, condições dignas de trabalho, etc, foram conquistas da luta do movimento operário.

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de Março, tem origem nas manifestações femininas por melhores condições de trabalho e direito de voto, no início do século XX, na Europa e nos Estados Unidos. A data foi adotada pelas Nações Unidas, em 1975, para lembrar tanto as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres como as discriminações e as violências a que muitas mulheres ainda estão sujeitas em todo o mundo.

O primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28 de Fevereiro de 1909, nos Estados Unidos da América, por iniciativa do Partido Socialista da América. Em 1910, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhagen, dirigida pela Internacional Socialista, quando foi aprovada proposta da socialista alemã Clara Zetkin, de instituição de um dia internacional da Mulher, embora nenhuma data tivesse sido especificada. No ano seguinte, o Dia Internacional da Mulher foi celebrado a 19 de Março, por mais de um milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.

"A partir de um certo momento, os regimes liberais, pela pressão das massas, começam a incorporar elementos de democracia. O sufrágio universal é um princípio democrático, não liberal. A liberdade de organização, por exemplo, foi proibida nos regimes liberais. A Revolução Francesa proibiu os sindicatos, que só se tornaram legais na França depois da Comuna de Paris. Partidos políticos são também conquistas da classe trabalhadora, que começou a organizar partidos de massa, ligados a movimentos sociais. Podemos hoje falar de uma institucionalidade liberal-democrática, no sentido de que os velhos princípios do liberalismo foram enriquecidos com esses institutos democráticos."
 
(Carlos Nelson Coutinho; em Teoria e Debate nº 51)
 


 
OBS: ao contrário dos comunistas, que defendem uma fase intermediária entre a queda do capitalismo e o surgimento da sociedade sem classes, os anarquistas defendem a destruição do Estado e o estabelecimento da sociedade sem classes logo após a vitória da revolução socialista, sem nenhuma fase intermediária. Os anarquistas também se diferenciam dos comunistas por não defenderem a luta de classes como único motor que move a história, mas sim como um dos motores, sendo o principal a luta contra toda forma de governo.

O principal teórico do anarquismo, foi o revolucionário russo Mikhail Bakunin. Assim como Marx e Engels, foi membro destacado da Primeira Internacional Socialista, que existiu entre 1864 e 1873.
 
Comunistas e anarquistas lutam por uma sociedade igualitária, onde não mais exista a exploração do homem pelo homem.



Autor: Marcelo Neuschwang Sancho; professor de filosofia da rede pública estadual do Rio de Janeiro, apaixonado por história e ciência política.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

CRADLE OF FILTH - Lilith Immaculate

CRADLE OF FILTH - Forgive Me Father (I Have Sinned)


CRADLE OF FILTH - Forgive Me Father (I Have Sinned)

Banda inglesa de symphonic black metal, o Cradle of Filth incorpora elementos góticos a sua musica.

Immolation: World Agony



Immolation é uma banda americana de brutal death metal, subgênero do heavy metal semelhante ao black metal, diferenciando-se pelo fato de não restringir os temas das músicas ao anti-cristianismo e ao satanismo. Também aborda temas relacionados a morte, violência, doenças mentais, dor, etc.


(tradução)

Guerra nas nossas mãos, a guerra em nossas mentes
Bata na bateria, espancado nossas esperanças
Nada é deixado, não se ganha nada
Irritado com um, com raiva de todos
 
Mundo em agonia, na dor do mundo
Mundo em raiva, o mundo de vergonha
 
O erro do homem, o erro da fé
Formando amanhã, destruindo hoje
Nada à frente, nada a ser
A raiva é uma, a raiva é tudo
 
Mundo em agonia, na dor do mundo
Mundo em raiva, Mundo insano
 
Amaldiçoando a nós mesmos, fazendo com que a nossa morte
Abusando da terra, é desmoronando
Podemos desfazer, o que temos feito
Antes de desfazer, o que nos tornamos
 
A terra é amargo
A terra é preta
O que fizemos
Não há como voltar atrás.

DIMMU BORGIR - Dimmu Borgir



“Não sei se me classificaria como satanista. Na verdade não me aplicaria nenhum rótulo porque sou apenas eu mesmo. De fato acredito em uma responsabilidade pessoal e, em minha opinião, o Islã e o Cristianismo não ensinam isso porque ambas têm um livro de referencia que apenas diz que você não pode fazer nada que deseja senão tem de ir pedir perdão. Dê uma olhada em todas as guerras pelo mundo. As pessoas comumente acham que são motivadas por política mas na verdade sempre é a religião que causa esses conflitos. Eu acredito que se fosse me chamar de algo, seria ateísta.”

(Silenoz, guitarrista do Dimmu Borgir)


(TRADUÇÃO)

Forças da luz do norte - ao monte
Forças da noite do norte - chamando às armas
Convocado pelos segredos do sacrifício

Reunião sobre o destino na estrada que evitamos seguir
Como competir com nós mesmos
Deixando o que foi uma união confiante

Qual é a ponte para atravessar e qual a ponte pra queimar?
Há enganos por todos os lados
Nós eliminamos os fracos e o seu choro

Evoluindo - compulsivamente
Comportando - Inconsistentemente
No entanto, o pulso está batendo
Restauração é o nome
Para aqueles que são deixados no jogo
Invocação em nome da nossa chama

Dimmu Borgir!
O desviantes procuram, mas há um só lugar
Dimmu Borgir!
Marchando avante!

Não devemos perdoar
Não devemos esquecer
Com astúcia e prazer
Os Inimigos enfrentarão a derrota

Não há lugar para sonhadores
Porque nossa formação é a lava
O fogo é a favor ou contra você
E assim mesmo ele queima

Chamando uma constante retribuição
Das sombras dos três seis consecutivos (666)
Fundindo-se com o vazio frio e escuro
O Talento é inútil se não for exercitado

''Quando o mundo está girando
Você vai encontrar a sua verdadeira natureza
Quando o primeiro é o último e o último é o primeiro
Você estará onde escolhe estar''

Não devemos perdoar
Não devemos esquecer
O fogo é a favor ou contra você
E assim mesmo ele queima

DIMMU BORGIR - Gateways



(TRADUÇÃO)

Gateways = Portais

O Princípio Fundamental da Liberdade
É a única noção à obedecer
A porta irá destrancar a evolução e o pecado
Trazendo uma nova forma
O renascimento esta perto da conclusão
À medida que lentamente despertamos do sono

À medida que lentamente despertamos do sono

A imperícia do espírito termina
Portais!
Quando o presente é mais uma vez acorrentado
Portais!
Sem regras ou restrições em nosso planeta negro
Portais!
Quando o futuro antigo é recuperado
Portais!

Sem regras ou restrições em nosso planeta negro
Quando o futuro antigo for recuperado

Está tudo lá para os olhos que podem ver
Os cegos sofrerão sempre no secretismo
É o presságio do que está submerso
Intocada dentro de nós

O Princípio Fundamental da Liberdade
É a única noção à obedecer
A porta irá destrancar a evolução e o pecado
Trazendo uma nova forma
O renascimento esta perto da conclusão
À medida que lentamente despertamos do sono
Para receber a luz que brilha na escuridão
A luz que brilha sempre mais

Sempre mais

Seja o quebrado ou o quebrador
Seja o doador ou o empresário
Destranque e abra as portas
Seja o curador ou o quebrador
As chaves estão em suas mãos
Perceba que você é sua própria criação
Do seu próprio plano mestre

Behemoth - Conquer All



Os poloneses do Behemoth, a melhor banda de black metal.

Dimmu Borgir - Mourning Palace (Legendado em português)



Os noruegueses do Dimmu Borgir, são a melhor banda de symphonic black metal, vertente sinfônica do black metal.

"Inverter o crucifixo é o meu jeito de mostrar rejeição não só ao cristianismo, mas à maioria das religiões modernas em geral e como elas fazem as pessoas se acomodarem. Elas privam as pessoas de pensar por si mesmas." (Silenoz - guitarrista do Dimmu Borgir)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

BEHEMOTH - Prometherion



"...eu sei muito bem a mitologia cristã, não só na sua versão literária, e não acho nada de bom, criativo ou bonito nela. Eu li livros melhores e mais sábios do que a Bíblia. Guerra, sangue, chantagem, violações, incesto, pedofilia, zoofilia, colaboração e traição - cada página emana o mal. Alguns podem dizer que eu não entendi a mensagem da Bíblia. Eu prefiro dizer que o cristianismo não é nada mais do que uma estrutura arcaica e enferrujada que vai cair a qualquer momento. Ele dura apenas por causa dos crédulos que seguem cegamente o pastor, sem qualquer dúvida, sem qualquer consideração, rumo não a qualquer terra prometida, mas a um massacre intelectual." (Nergal, vocalista e guitarrista do Behemoth)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Behemoth - Ov Fire And The Void



Behemoth - Ov Fire And The Void

(TRADUÇÃO)

Eu, o sol do homem
os descendentes da raça estelar
minha fé caiu e esmagou a terra
para que eu possa trazer equilíbrio a este mundo

Eu, filho da perdição
do nada absoluto transgredido
até o mais auto - para a máxima liberdade
para explorar a natureza estrelada da minha fúria

Eu, pulso da existência
a lei da natureza não negada
Eu seguro a tocha de Heraclites
para que eu possa sacudir a Terra e mover os Sóis

Eu, Iconoclasto divino
Injetando o caos dentro das minhas veias
com a vida aceita
com a dor ressucitada
É o profundo abraço de Deus no homem

A alegria de um amanhecer
O êxtase do crepúsculo
Eu tenho nutrido este fluxo cármico
Onde o grande acima satisfaz o grande abaixo
Que seja escrito!
Que seja feito!
Eu ando para frente disseminando a luz corrompida



BLACK METAL!!!!

Behemoth - "At The Left Hand Ov God"



Behemoth é uma banda polonesa de black metal, subgênero do heavy metal caracterizado pela música extrema com letras anticristãs, vinculadas ao satanismo, ao ocultismo, ou ao paganismo.


(TRADUÇÃO)

Oh, serpente e leão!
Eu te invoco!
Dentro do santuário chamado vida
Pelas sete maravilhas
Pelos mortais miríades
Que passaram
E estão para vir
lá de fora!
No deserto externo da restrição
Em ato de rebelião
Sobre o mar do movimento
Matéria de estabilidade
Pela serenidade, força e beleza
Pelo poderoso feitiço de cada respiração


Serpentina em dança de glóbulos
Na simplicidade dos feitiços
Nomes divinos, jogos-meta
Saúdo tua presença


Oh cobra! Tu és deus!
Enrolado debaixo do meu trono
Contigo eu reuni
Com o sangue que fazemos este pacto
Eu me redefini
E no olhar acima:
Há mais do que a carne
Olhar cuidadoso e tu pode ver
A chama que não se enxtingue
O néctar de Tua fúria
Eu experimento do copo da fornicação
E a mulher do meu lado
E escarlate é sua pele
Ela anseia para subir
E então anseia para agradar


Outro dia
Outra eternidade ido
E na escada de salvação
Eu andei sozinho entre as estrelas cadentes
À procura de companhia
Onde estás?
Oh, lacerado queridos!


Levanta-te! Meu doce amigo
Ou será eternamente caído
Finalmente chegamos
Da prisão desta vida
Ao útero de Kali
Até a a terra
Como os anjos de Deus todo-poderoso
Caos!
Até a nossa última queda
Para tocar a nossa mãe prostituta
A prostituta dos santos
Que cospe na cruz podre
Incinera o ícone
O símbolo de todas as perdas
Parado em linha reta
Na mão esquerda de deus


Samael! Tu és meu aliado!
Juntar-me entre os anfitriões brilhante
Saber nem como luz
Imaginando nenhum caminho da luz
Nem da escuridão
De qual semente
Que se espalha desapaixonadamente
No verão da minha vida