O capitalismo nada tinha de democrático, foi graças a luta do movimento operário a partir da segunda metade do século XIX, organizado por comunistas e anarquistas, que o capitalismo se democratizou ocasionando a chamada "socialização da política", que garantiu a participação popular e a conquista de direitos trabalhistas. Isso já demonstra a importância do socialismo para o progresso da humanidade.
A fracassada experiência socialista na URSS e no Leste Europeu, teve a importância histórica de representar uma alternativa de sociedade pós-capitalista, onde se buscava acabar com a exploração do homem pelo homem. Apesar dos crimes promovidos durante a era stalinista, o socialismo foi capaz de transformar um país agrário semi-feudal, como era a Rússia dos czares, em uma superpotência industrial e militar que ameaçou a hegemonia mundial dos EUA, inclusive promovendo o início da exploração espacial ao lançar o primeiro satélite(Sputnik), em 1957, e colocar o primeiro homem no espaço(Yuri Gagarin), em 1961. E a China tornou-se a potência que é hoje, graças a vitória da revolução socialista em 1949.
No tempo atual
Os trabalhadores não sofrem mais a exclusão política dos tempos de Marx, pois o voto é universal e os trabalhadores possuem partidos e sindicatos que defendem sua causa. Os trabalhadores também conquistaram direitos, como jornada de trabalho diária de oito horas, férias remuneradas de trinta dias, condições humanas de trabalho e melhores salários, que permitiram a "democratização do capitalismo", com o proletariado deixando de ser os semi-escravos dos tempos em que foi escrito o Manifesto Comunista. Mas não podemos nos iludir, a exploração capitalista continua existindo, inclusive com proporções desumanas em muitas regiões do planeta, como ocorre na África e grande parte da Ásia, por exemplo.
O capitalismo não é capaz de resolver os problemas que ele mesmo vem gerando, com sua lógica de lucro exarcebado, acumulação do capital e culto ao "deus" mercado.
"... podemos citar alguns dados com suas respectivas fontes recentemente sistematizados pelo Programa Internacional de Estudos Comparativos sobre a Pobreza localizado na Universidade de Bergen, Noruega, que fez um grande esforço para, desde uma perspectiva crítica, combater o discurso oficial sobre a pobreza elaborado desde mais de trinta anos pelo Banco Mundial e reproduzido incansavelmente pelos meios de comunicação, autoridades governamentais, acadêmicos e "especialistas" variados.
População mundial: 6,8 bilhões de habitantes em 2009.
1,02 bilhão de pessoas são desnutridos crônicos (FAO,2009);
2 bilhões de pessoas não tem acesso a medicamentos (
www.fic.nih.gov);
884 milhões de pessoas não têm acesso à água potável (OMS/UNICEF 2008);
925 milhões de pessoas são "sem teto" ou residem em moradias precárias (ONU Habitat 2003);
1,6 bilhões de pessoas não tem acesso à energia elétrica (ONU Habitat, Urban Energy);
2,5 bilhões de pessoas não são beneficiados por sistemas de saneamento, drenagens ou privadas domiciliares (OMS/UNICEF 2008);
774 milhões de adultos são analfabetos (
www.uis.unesco.org );
18 milhões de mortes por ano devido pobreza, a maioria de crianças menores do que cinco anos de idade (OMS);
218 milhões de crianças entre 5 e 17 anos de idade, trabalham em condições de escravidão com tarefas perigosas ou humilhantes, como soldados da ativa atuando em guerras e/ou conflitos civis, na prostituição infantil, como serventes, em trabalhos insalubres na agricultura, na construção civil ou industria têxtil (OIT: "La eliminación Del trabajo infantil, un objetivo a nuestro alcance" - 2006);
Entre 1988 e 2002, os 25% mais pobres da população mundial reduziram sua participação no produto interno bruto mundial (PIB mundial) de 1,16% para 0,92%; enquanto os opulentos 10% mais ricos acrescentaram fortunas em seus bens pessoais passando a dispor de 64% para 71,1% da riqueza mundial. O enriquecimento de uns poucos tem como seu reverso o empobrecimento de muitos;
Somente esses 6,4% de aumento da riqueza dos mais ricos seriam suficientes para duplicar a renda de 70% da população mundial, salvando muitas vidas e reduzindo os sofrimentos dos mais pobres. Entendam bem: tal coisa somente seria obtida se houvesse possibilidade de redistribuir o enriquecimento adicional produzido entre 1988 e 2002 dos 10% mais ricos da população mundial, deixando ainda intactas suas exorbitantes fortunas. Mas nem isso passa a ser aceitável pelas classes dominantes do capitalismo mundial.
CONCLUSÃO
Não se pode combater a pobreza (nem erradicá-la) adotando-se medidas capitalistas. Isso porque o sistema obedece a uma lógica implacável centrada na obtenção do lucro, o que concentra a riqueza e aumenta incessantemente a pobreza e as desigualdades sócio-econômicas a nível mundial.
Depois de cinco séculos de existência é isto e somente isto que o capitalismo tem para oferecer ao mundo! Que esperamos então para mudar o sistema? Se a humanidade tem futuro, esse será claramente socialista! Com o capitalismo, não haverá futuro para ninguém! Nem para os ricos, nem para os pobres! A sentença de Friedrich Engels e também de Rosa Luxemburg: "socialismo ou barbárie" é hoje mais atual do que nunca. Nenhuma sociedade sobrevive quando seu impulso vital reside na busca incessante do lucro e seu motor é a ganância, a usura. Mas cedo ou mais tarde provocará a desintegração da vida social, a destruição do meio ambiente, a decadência política e a crise moral. Todavia estamos ainda em tempo para reverter esse quadro - então vamos à luta!"
(Atilio Borón; em "Saiba o que é o capitalismo")
O socialismo autoritário e burocratico felizmente está morto. Cabe a esquerda abandonar essa herança e resgatar o melhor do pensamento marxista, refundando o socialismo segundo a realidade da luta de classes no século XXI. Precisa ser um socialismo radicalmente democrático, livre de tentações dogmaticas e comprometido com a luta em defesa do meio ambiente e do desenvolvimento autossustentável.
O socialismo renovado é o caminho para trilharmos outro caminho que não seja o da barbárie.